Os Tipos, Origens das Abóboras e o seu Cultivo no Brasil

A grande qualidade nutricional das Abóboras consiste no fato de estas hortaliças além de serem nutritivas, não conterem Amido. Portanto, essas hortaliças são fonte de bons carboidratos, ou seja, daqueles que fornecem energia de forma gradativa, sem provocar “picos de Insulina”. Por isso, é importante e vale à pena conhecer as Origens das Abóboras e os principais Tipos presentes no Brasil.

Isso ocorre, graças à presença das Fibras Solúveis, que além de equilibrarem a velocidade de sua assimilação, também auxiliam no controle do peso corporal. Assim, apesar de não conterem Amido, as Abóboras saciam a fome do corpo e conferem consistência aos pratos culinários. Além disso, produzem excelentes cremes, purês, sopas, tortas, assados e diversas receitas, com baixas calorias!

Origens das Abóboras e Sua Importância

As Origens das Abóboras estão no Continente Americano, onde as espécies de domesticação mais antigas são muito encontradas. Estas hortaliças pertencem à Família das Cucurbitáceas juntamente com:

  1. Pepino (Cucumis sativus);
  2. Melão (Cucumis melo);
  3. Maxixe (Cucumis anguria);
  4. Melancia (Citrulus lanatus);
  5. Chuchu (Sechium edule);
  6. Jerimum (Cucurbita maxima);
  7. Abobrinha ou Abobrinha Italiana (Cucurbita pepo).

1. Importância do Gênero Curcubita

As Cucurbitáceas conhecidas como “Abóboras”, desempenham um importante papel na alimentação humana. Especialmente nas Regiões Tropicais de todo o Mundo, onde seu consumo é bastante elevado.

Na verdade, o termo “Abóboras” abrange todos os tipos de abóboras e aboborinhas cultivadas e, de forma “mais popular”, tem sido utilizado para designar plantas e frutos do Gênero Cucurbita.

Por sua vez, a verdadeira Abóbora (Cucurbita moschata) é nativa das Américas cuja importância está relacionada ao seu valor nutricional e à versatilidade culinária de seus frutos apreciados Mundo afora.

Cerca de 26 Espécies de Cucurbita são cultivadas em diversas Regiões do Mundo, para fins alimentares e ornamentais, como as utilizadas no Dia das Bruxas (Halloween) na tradição Norte-americana.

No Brasil, as Abóboras estiveram associadas ao milho e à mandioca, constituindo a base alimentar das populações indígenas antes do Período Colonial. Posteriormente, as Abóboras foram incorporada à alimentação dos escravos africanos, após o descobrimento e durante a colonização do país.

Quanto à importância Nutricional, os frutos podem ser comercializados e consumidos sob a forma:

  1. Verde: no preparo de pratos salgados;
  2. Madura: utilizada tanto em pratos salgados quanto em doces, caseiros e industrializados.
  3. A polpa: pode também ser utilizada na alimentação animal.
  4. Outras Partes: podem ser consumidas, como folhas, flores e sementes, por humanos e animais.

As Sementes de Abóboras são ricas em fibras, gorduras e proteínas. Por serem muito nutritivas podem ser consumidas secas, frescas ou torradas, sendo utilizadas, sob a forma de óleo ou de Farinha de Sementes de Abóboras. Além de serem nutritivas, apresentam ação Vermífuga e Antioxidante.

2. Principais Espécies de Curcubita Cultivadas no Brasil

Dentre as Espécies de Curcubita, existem cinco que se originam de várias espécies silvestres nativas das Américas, todas cultivadas no Brasil. Estas espécies foram domesticadas há milhares de anos, muito antes da descoberta do país pelos portugueses e deram origem às hortaliças abaixo:

  1. Curcubita moschata: Abóboras Almiscaradas;
  2. Curcubita máxima: Morangas ou “Jerimum”;
  3. Curcubita ficifolia: Abóbora Chila ou “Gila”;
  4. Curcubita argyrosperma: Abóbora Menina ou “Mogangos”;
  5. Curcubita pepo: Abóboras, Abobrinhas, “Mogangos de pescoço” e Abóboras Ornamentais, que contêm alguns frutos comestíveis e outros não comestíveis.

Contudo, muitas vezes, Abobrinhas, Morangas e Jerimuns são chamados indistintamente de “abóbora”.

Tipos e Origens das Abóboras Cultivadas no Brasil

Originárias das Américas, há 2.000 anos a.C., as Abóboras faziam parte da alimentação da Civilização Olmeca, que se desenvolveu, nas Regiões Tropicais do Centro-sul do atual México.

Posteriormente, a Civilização Olmeca, com seu legado, foi absorvida pelas Civilizações Maia, Asteca e Inca.

Há cinco séculos atrás, quando navegadores portugueses desembarcaram no Brasil, indígenas brasileiros cultivavam suas próprias variedades de Abóboras. Para eles, as Abóboras constituíam o terceiro produto agrícola em ordem de importância, sendo suplantadas apenas pela cultura da Mandioca e do Milho.

As Abóboras cultivadas pelos índios brasileiros foram levadas para a Europa pelos Portugueses. Por sua vez, os Espanhóis, que colonizaram outros países das Américas, levaram para lá as variedades de Abóboras cultivadas pelas Civilizações Mesoamericanas: Maias, Astecas e Incas.

Dessa forma, as diversas Espécies de Abóboras circularam rapidamente entre os diferentes países Europeus, ainda durante o Século XVI, e fizeram grande sucesso por todo o Continente Europeu.

1. Papel dos Imigrantes no Cultivo de Abóboras no Brasil

Quando os imigrantes alemães e italianos vieram para o Brasil, no Século XIX, trouxeram sementes de suas próprias seleções de abóboras. Assim, estes imigrantes seguiram cultivando aqui no Brasil, aquelas Espécies de Abóboras que já haviam sido incorporadas à sua cultura.

Por isso, hoje, há uma imensa variedade de Abóboras pelo Brasil, oriundas tanto de culturas imigrantes quanto de alguns agricultores brasileiros que ainda mantêm suas variedades crioulas de abóbora.

Dessa forma, os agricultores vão realizando seleções recorrentes para os tipos de frutos que mais lhes agradam, de acordo com suas preferências pessoais, ditadas por sua descendência e cultura.

2. As Variedades de Abóboras Crioulas

Variedades Crioulas são aquelas que foram desenvolvidas pelos próprios agricultores, como resultado de uma seleção de plantas. Esta seleção vai sendo formada e separada ao longo do tempo, tendo suas sementes passadas de geração para geração e também trocadas entre vizinhos, amigos e parentes.

As Origens das Abóboras de Variedades Crioulas de Maior Cultivo no Brasil são das Espécies:

1. Cucurbita maxima

Os tipos arredondados apresentam grande variedade de tamanho, formato, cor e textura da casca e resultam em uma diversidade de nomes atribuídos para cada um. Por exemplo: abóbora, abóbora crioula, abóbora cogumelo, abóbora coração de boi, abóbora gaúcha e moranga, entre outros.

As origens das abóboras deste tipo têm como berço Peru, Bolívia e Norte da Argentina. Além disso, são tidas como um dos primeiros vegetais cultivados pelo homem, através de Maias, Astecas e Incas.

Contudo, nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil este tipo de abóbora é popularmente conhecido como Moranga, mas, recebe a denominação de “jerimum ou jerimum caboclo”, na Região Nordeste. Este é um termo que provém do Tupi (“yurum-um”) e significa pescoço escuro.

2. Cucurbita moschata

Os tipos alongados com pescoço, conhecidos como abobrinha e abóbora de pescoço ou abóbora menina representam uma importante reserva de alimento para animais, principalmente suínos e bovinos. Na Região Nordeste do Brasil é conhecida como “abóbora de leite ou jerimum de leite”.

As origens das abóboras deste tipo têm como berço as Regiões de Sudeste do México, América Central, Colômbia e Peru. Além disso, são bastante utilizados no preparo de pratos culinários variados, como:

  1. Doces: em calda e em pasta; sobremesas especiais.
  2. Pratos Salgados: quibebe, sopas, assados, quibes e hambúrgueres vegetarianos, dentre outros.

Variedade de Abóboras Cultivadas no Brasil

Na Região Sul, além das Espécies Curcubita máxima e Curcubita moschata, pode-se encontrar uma grande variedade das outras Espécies domesticadas, cultivadas por agricultores descendentes de imigrantes. Este é um bom resultado do Processo Histórico de Colonização e particularidades de preferências.

Essas variedades crioulas de abóboras fazem parte de manifestações culturais, utilizadas em diferentes pratos tradicionais de seus países ou como decoração de suas residências.

Assim, segundo os Agricultores Descendentes, tem-se quatro grupos de Variedades Crioulas:

1. Descendentes de Italianos

Os descendentes de italianos dão preferência às suas variedades crioulas de:

  1. Cucurbita maxima com frutos achatados de polpa bastante consistente e coloração alaranjada, os quais são muito usados para o preparo do recheio de “tortei”, prato típico da culinária italiana.
  2. Cucurbita moschata: com frutos grandes de pescoço, para fazer seus doces típicos em cubos e pasta.

O tortei tem origem nos Ravioli de Abóbora, cuja variante é o Tortelli, que faz parte da antiga e popular tradição culinária de massas recheadas do Norte da Itália. Na verdade, os Tortelli mais tradicionais estão em Mantova (Mântua), uma cidade italiana na Região da Lombardia. Isto é, o Tortelli di Zucca.

2. Descendentes de Portugueses

Os descendentes de portugueses mantêm variedades crioulas de Cucurbita ficifolia, conhecidas como Gilas, com casca extremamente dura e uma polpa branca bastante fibrosa.

As Gilas são muito utilizadas no preparo de um doce típico português, denominado “doce de gila”, cujo aspecto é muito semelhante ao doce “fios-de-ovos”, com coloração branca e sabor característico.

3. Afrodescendentes

Os descendentes de africanos de comunidades negras rurais, possuem suas próprias variedades crioulas, com destaque para Cucurbita pepo. São frutos de casca bastante dura e polpa fibrosa, denominados Mogangos, que são apreciados no preparo de “mogango caramelado” e também em pratos salgados.

Na Região Sul, em especial, no Rio Grande do Sul, os gaúchos incorporaram o Mogango Caramelado no cardápio do dia a dia, servindo-o como acompanhamento para carnes assadas e churrasco.

4. Descendentes de Alemães

Descendentes de alemães mantêm variedades ornamentais de Cucurbita pepo, sendo que algumas são:

  1. Comestíveis: utilizadas para o preparo dos mais diversos pratos culinários doces e salgados.
  2. Não Comestíveis: apresentam cores intensas e formas bastante variadas, por exemplo, periformes, ovais, discoides, redondos e estrelados. Estes tipos são utilizados na decoração de residências.

Dentre os Tipos Não Comestíveis ou Ornamentais, destacam-se as de formato:

  1. Periforme: são chamadas de Poronguinhos Ornamentais, não são comestíveis pelo amargor da polpa e apresentam grande variabilidade e durabilidade pós-colheita. Podem ser utilizadas em decoração.
  2. Estrelado: conhecidas como Abóbora Estrela e, além de ornamentais, podem ser utilizadas na alimentação. Por exemplo, no preparo de doces pastosos, feitos com ou sem adição de coco ralado.

Concluindo, destaca-se que nos últimos anos, a valorização da abóbora tem sido crescente por:

  1. Diversificar: a propriedade e agricultura familiar.
  2. Valor Nutricional: uma vez que constitui um alimento importante para a Nutrição e Saúde da população, por rico em Nutrientes. Por exemplo, o Betacaroteno, um precursor da Vitamina A.
Referências...

1. AMAYA, D. R. Carotenoids and Food Preparation: The Retention of Provitamin A Carotenoids in Prepared, Processed, and Stored Foods. Campinas: UNICAMP, 1997.

2. ARIMA, H. K.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Carotenoid composition and vitamin A value of a squash and pumpking form Northeastern Brazil. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas, v. 40, p. 284-292, 1990.

3. ESQUINAS-ALCAZAR, J. T.; GULICK, P. J. Genetic resources of cucurbitaceaes. Rome: IBPGR, p. 82-84, 1983.

4. ESUOSO, K.; LUTZ, H.; KUTUBUDDIN, M. et. al. Chemical composition and potential of some underutilized tropical biomass. I: fluted pumpkin (Telfairia occidentalis). Food Chemistry, Barking, v. 61, n. 4, p. 487-492, 1998.

5. LIMA, D. M.; COLUGNATI, F. A. B.; PADOVANI, R. M. et al. Tabela brasileira de composição de alimentos: versão 2. 2. ed. Campinas: Unicamp, Nepa, 2006.

6. LIRA-SAADE, R. L. Estudios taxonomicos y ecogeograficos de las cucurbitaceae latinoamericanas de importancia económica. Rome: IPGRI, 1995. (IPGRI. Systematic and Ecogeographic Studies on Crop Genepools, 9).

7. NEE, M. The domestication of Cucurbita (Cucurbitaceae). Economic Botany, New York, v. 44, p. 56-68, Supl. 1990.

8. RAMOS, S. R. R.; LIMA N. R. S.; ANJOS, J. L. et. al. Aspectos técnicos do cultivo da abóbora na região Nordeste do Brasil. EMBRAPA: Documentos 154 – Centro de Pesquisa Agropecuária dos Tabuleiros Costeiros. Aracaju, SE 2010.

9. WHITAKER, T. W.; CUTLER, H. C. Cucurbits and cultures in the Americas. Economic Botany, New York, v. 19, p. 344-349, 1965.

Baixe nosso e-book: 16 Passos para uma alimentação saudável